sábado, 8 de novembro de 2014

7ª Postagem: Carcinoma hepatocelular



O hepatocarcinoma (ou carcinoma hepatocelular - CHC) é o câncer primário do fígado, ou seja, o câncer derivado das principais células do fígado - os hepatócitos Essa mutação pode ser causada por algum agente externo (como o vírus da hepatite B) ou pelo excesso de multiplicações das células (como a regeneração crônica nas hepatites), o que aumenta o risco de surgimento de erros na duplicação dos genes. O hepatocarcinoma é caracteristicamente agressivo, com altíssimo índice de óbito após o início dos sintomas (icterícia,ascite e outros). Se for detectado apenas na fase sintomática, o paciente tem expectativa de vida média inferior a um mês se não for realizado nenhum tratamento, sendo que nessa fase os tratamentos disponíveis são limitados e pouco eficazes.


Fígado cortado mostrando hepatocarcinoma cortado ao meio

O hepatocarcinoma é, atualmente, o quinto câncer mais comum em homens e o oitavo em mulheres. Globalmente, a incidência anual é de 560.000 novos casos ao ano. A cirrose hepática, independente da causa, é o principal fator de risco para o surgimento do CHC. Considera-se que o portador de cirrose compensada (sem sintomas,Child-Pugh A) tem um risco de desenvolver CHC de cerca de 5% ao ano. Situações específicas na evolução da cirrose estão associadas a uma maior incidência de CHC - na hemorragia por varizes esofágicas, 15%; na peritonite bacteriana espontânea, 20%.

SINTOMAS

Sintomas mais freqüentes no hepatocarcinoma (Japão)
Sintoma
%
Mal-estar geral
60,5
Dor abdominal
46,2
Sensação de abdome cheio
44,9
Perda do apetite
44,7
Perda de peso
28,9
Ascite (acúmulo de líquido no abdome)
26,5
Tumor palpável
23,3
Inchaço nas pernas
16,8
Icterícia (pele e olhos amarelados)
16,7
Febre
16,7
Náusea e vômitos
15,6
Vômitos ou fezes com sangue
7,6

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Alfetoproteína por ser uma importante proteína plasmática do bebê indica, portanto, regenaração hepatocelular. A dosagem de alfa-feto proteína é o mais difundido marcador tumoral empregado para rastreamento e seguimento do CHC ao redor do mundo. Vários estudos demonstraram que alfa-feto proteína elevada é fator de pior prognóstico em relação à agressividade da doença estando assim atrelada, em níveis elevados, à tumores de diâmetros maiores e invasão vascular. 
Baixa sensibilidade – 45-64%
Valores abaixo de 20 ng/dL – VPN > 90%
É considerado específico se > 400 ng/dL
Valores entre 20-400 – população com odds ratio 14 para hepatocarcinoma

TRATAMENTO
A melhor opção, apesar de muito agressiva, ainda é o transplante do fígado, onde o órgão doente é substituído por outro sadio. Outra opção é a hepatectomia, cirurgia onde é retirada a porção do fígado onde está localizado o tumor. Uma terceira opção, muito utilizada pelos japoneses e que aos poucos vem se tornando difundida pelo mundo é o tratamento percutâneo (pela pele) do tumor. Nessa modalidade terapêutica, o tumor é destruído sem a necessidade de cirurgia. A injeção percutânea de etanol (PEI) é um método simples, realizado sob anestesia local e com raras complicações. 

Referências:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-67202011000100009
http://www.hepcentro.com.br/hepatocarcinoma.htm

6 comentários:

  1. Como dito na postagem, o carcinoma hepatocelular está bem relacionado com a hepatite, pois a regeneração do fígado pela multiplicação de hepatócitos muitas vezes acabam por tornar-se um câncer. Por isso, O Carcinoma Hepatocelular desenvolve-se, geralmente, no contexto de uma doença hepática crónica, articularmente hepatite vírica, e possui uma distribuição geográfica heterogénea que, provavelmente, reflecte as diferenças na prevalência dos factores de risco nas distintas áreas do globo. A incidência de CHC aumenta com a idade, sendo 4 a 8 vezes mais comum no sexo masculino.

    Fonte: http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/53361/2/Abordagem%20Diagnstica%20do%20Carcinoma%20Hepatocelular.pdf

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  2. Como o Acássio falou no seu comentário sobre a distribuição geográfica heterogênea do CHC, é interessante sabermos mais um pouco sobre isso, até mesmo dentro do Brasil. O hepatocarcinoma não consta no Brasil entre os dez mais incidentes, segundo dados obtidos dos Registros de Base Populacional existentes. Sua taxa de incidência padronizada por 100 mil habitantes variava de 1,07 em Belém, em 1988, a 9,34, em Porto Alegre, em 1991 em homens; em mulheres de 0,28, em Belém, em 1988, a 7,04 em Goiânia em 1990. O sudeste da Ásia, Japão e África do Sul apresentam uma incidência particularmente alta de carcinoma hepatocelular, enquanto que nos Estados Unidos, Grã Bretanha e região norte da Europa é raro encontrar este tipo histológico de tumor, observando-se taxas inferiores a 1 por cada 100 mil habitantes.

    Fonte: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/cancer-de-figado

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  3. A grande maioria dos cânceres de fígado resulta de complicações evolutivas de cirroses ativas ou inativas. No entanto, existem alguns casos que se desenvolvem em órgãos com alterações histológicas mínimas, sendo, portanto, plenamente justificável a existência de numerosos trabalhos epidemiológicos e moleculares, dando ênfase aos fatores ambientais, na gênese desses tumores no homem. Os mais importantes fatores de risco são as hepatites crônicas B e C, não deixando de lado os carcinógenos químicos, os fatores hormonais e os genéticos. Outros importantes fatores de risco, além da infeção por vírus B e C das hepatites, são a exposição à aflatoxina B1(AFB-1), o consumo excessivo de álcool e algumas condições heredo-familiares tais como: a hemocromatose, a deficiência de alfa-1-antitripsina, a tirosinemia, as doenças de depósito de glicogênio e a porfiria cutânea tardia. Outros fatores de risco menos importantes são a doença de Wilson e outros tipos de porfiria.

    http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-28032000000100012&script=sci_arttext

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  4. É interessante percebermos que os sintomas apresentados na publicação, principalmente os primeiros: mal estar geral, dor abdominal, sensação de abdome cheio, são bem genéricos e comuns a varias condições patológicas. É importante portanto a busca de atendimento médico a qualquer sinal de dor abdominal, ja que no caso do hepatocarcinoma, o tratamento é complicado e a expectativa de vida do paciente não muito grande.

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  5. Além dos casos em que a cirrose hepática leva ao desenvolvimento de um carcinoma, também existem relações com outras doenças. Doenças onde há alteração no DNA dos hepatócitos podem predispor ao aparecimento do CHC mesmo na ausência de cirrose. O vírus da hepatite B,já exemplificada pelo Acássio, por ser um vírus tipo DNA, integra seu material genético ao do hepatócito do hospedeiro, podendo predispor ao aparecimento de mutações que levam ao CHC. A aflatoxina, uma toxina que pode estar presente em amendoins contaminados por fungos do gênero Aspergillus, pode levar a mutação no códon 249 do gene p53, levando ao surgimento do hepatocarcinoma.

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  6. Além do diagnóstico diferencial com Alfafetoproteína, citado na postagem, pode-se comprovar a presença dessa enfermidade através de exames de imagem, marcadores tumorais (exame de sangue) e anátomo-patológico (biópsia). Como nem sempre há aumento dos marcadores tumorais e nem sempre pode haver realização de biópsia - por conta de problemas de coagulação decorrentes da insuficiência hepática,por conta de ascite ou por dificuldade de acesso pela localização do tumor) - o diagnóstico do carcinoma hepatocelular pode ser concluído pela presença de exame de imagem com lesão típica e aumento em marcador tumoral ou pela presença de imagem típica em duas modalidades diferentes de exame de imagem. Ocorre, porém, que, infelizmente, a ultrassonografia é limitada por dois fatores. O primeiro é que é um exame operador-dependente, ou seja, depende do profissional que o irá realizar. É ideal que seja realizado por um médico experiente em lesões hepáticas, capaz de diagnosticar lesões menores e até estratificar o grau de fibrose hepática com confiabilidade comparável à biópsia, o que nem sempre é possível. O exame é pouco confiável se realizado por profissionais com pouca experiência, não é incomum receber laudos de "fígado normal" em pacientes portadores de cirrose avançada nesse caso. O segundo fator limitante é que em fígados muito pequenos e com nódulos de regeneração (existentes em portadores de cirrose alcoólica avançada), diferenciar um nódulo potencialmente maligno de um fígado repleto de nódulos benignos é muito difícil. Em casos como esse, indica-se uma tomografia computadorizada.
    Referência: http://www.hepcentro.com.br/hepatocarcinoma.htm

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